quinta-feira, outubro 12, 2006

Socratocracia

Este Governo Socialista parece seguir uma estratégia simples ainda que deveras preocupante para os governados: em cada dia e logo após o despertar a primeira preocupação é pensar "Qual o grupo, classe ou profissão que vamos atacar hoje?"
Podem até ser cidadãos que ainda não nasceram e que chegam ao mundo com a maternidade mais próxima da residência dos pais fechada, como foi o caso dos bebés de Elvas que foram nascer a Espanha, olé!
Pode calhar ao grupo das viúvas que até aqui recebiam parte das pensões dos defuntos maridos e que agora auferindo determinado montante de rendimentos próprios deixam de receber .
Pode o alvo serem os professores, agora responsabilizados pelo facto de os seus alunos obterem maus resultados escolares. Estendendo este curioso esquema mental aos médicos também lhes caberia responsabilidade pelas taxas de mortalidade dos seus doentes, mas com os médicos o Governo pensa duas vezes antes de implicar, porque há falta deles e, como muitos têm consultório privado, podem mais facilmente prescindir do lugar no funcionalismo público.
Esta espécie de socio-liberais tem maioria absoluta numa legislatura que irá até 2009 e lhes vai permitir continuar a lixar a malta. É claro que para Sócrates trata-se de "reformar" o país (não os trabalhadores que o farão progressivamente mais tarde). Parece que estava tudo mal por cá antes destes senhores chegarem ao Poder. O problema é que quem reveja os debates e discursos antes das últimas eleições não se apercebe disso, quando muito poderá achar estranho a falta de substância dos debates. A Segurança Social estava bem, não era necessário aumentar os impostos, até o défice das contas do Estado só foi descoberto mais tarde. Enganaram o eleitorado. Omitiram informação essencial sobre o estado da nação. Em certos países civilizados isso bastaria para a exoneração do Governo.
Parece uma estratégia suicida uma vez que em democracia o eleitorado tem o poder de escolher de 4 em 4 anos quem quer que o governe . Mas para que haja escolha é preciso que o opositor de Sócrates não seja tão mau como Santana Lopes e muito melhor que Marques Mendes, caso contrário estes tipos ficam lá mais 4 anos, seguramente sem maioria absoluta, mas ainda assim a governar com os mesmos tiques autoritários que agora demonstram possuir. Sócrates quando discursa parece investido dum dom sobrenatural, destinado a realizar uma tarefa ciclópica, digna dum herói grego, uma espécie de semi-deus da tecnocracia moderna. Só quando está com os seus correlegionários modera o tom de voz que se torna mais familiar e compreensivo. O povo na sua sabedoria consolidada ao longo de séculos diz "Se queres ver o vilão mete-lhe a vara na mão", ou seja, se querem ver o mandão dêem-lhe maioria absoluta.
O povo enganou-se? Não, simplesmente não tinha escolha. Pelo menos a seguir tratou de evitar pôr os ovos todos no mesmo cesto, foi assim que o patriarca Soares voltou para a sua fundação e o PS perdeu as autárquicas.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Subescrevo na íntegra

13 de outubro de 2006 às 09:36  

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