terça-feira, setembro 24, 2013

O regresso aos mercados

Vítor Gaspar agendou em meados de 2011 a data de 23 de Setembro de 2013 como o dia do regresso de Portugal  à emissão de dívida pública no mercado primário.
Entretanto Gaspar saiu do Governo em Junho deste ano e ficou implícito na sua carta de demissão que esse objetivo estava comprometido.
Porquê esta data?
Porque neste dia se venciam quase 9 mil milhões de euros de dívida de longo prazo. Metade desse valor foi antecipado e mudada  a maturidade numa operação liderada pela actual Ministra das Finanças, portanto restavam quase 5 mil milhões que, segundo o ideólogo de serviço do PSD Marco António Costa, foram ontem pagos. Supostamente com dinheiro da Troika, digo eu. O curioso é que o mesmo facto é reclamado como vitória pelo Governo e como estrondoso falhanço pelo PS.
Mário Draghi, Governador do BCE, veio dizer o óbvio, que é preciso ter cuidado com os pequenos sinais susceptíveis de provocar descontrolo nos mercados financeiros. Acontece que os ditos "mercados" são entidades que se regem pela irracionalidade. Se o governo não faz cortes (leia-se ajustamento estrutural) penaliza o país com a subida das taxas, se o governo faz os tais cortes penaliza na mesma porque assim a dívida aumenta em percentagem do PIB e a economia entra ou agrava a recessão. Se o TC (Tribunal Constitucional) chumba leis como a do despedimento dos funcionários públicos sem justa causa torna-se o responsável pelas subidas de juro e descidas do rating do país, dos bancos e principais empresas.
Pior: os mercados reagem até a coisas que não têm nada que ver connosco como a manutenção ou fim dos incentivos por parte do FED (Reserva Federal dos EUA) à economia americana, as eleições da Alemanha ou a guerra civil na Síria.
Quando falarem de resgate façam como nos tempos da PIDE, falem baixinho...
... para os mercados não nos ouvirem!

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