segunda-feira, fevereiro 04, 2013

O mal do cimento

Em Espanha acaba de estoirar um escândalo. Na sequência de um artigo do El País, o Partido Popular, atualmente no Governo, está a ser investigado pelo recebimento de verbas pelos políticos, nomeadamente o chefe do executivo Mariano Rajoy, pagas pelas empresas de construção civil.
Espanha teve taxas de crescimento económico apreciáveis nos 10 anos anteriores à crise de 2009 à custa dos negócios urbanísticos. Chegaram a fazer uma lei que obrigava os proprietários a urbanizar e construir, ou em alternativa venderem, caso possuíssem terrenos em zonas declaradas de interesse público.
A "bolha" imobiliária rebentou. Multiplicaram-se as cidades fantasma. A quantidade de penhoras obrigou a  fazer uma lei que evitasse os suicídios dos que não conseguem pagar a sua casa. Agora os construtores já não ganham nada em subornar os políticos para aprovarem os seus projetos, mas justamente agora vieram a público os "caderninhos" manuscritos ao estilo "deve-e-haver" daquele que foi o contabilista do PP na região de origem de Rajoy -- a Galiza. Cresce a indignação na opinião pública. Os socialistas pedem a demissão de Mariano Rajoy como se eles não tivessem telhados de vidro. Aliás, uma sondagem apurou que 85% dos espanhóis perderam a confiança na classe política. Se a isto somarmos a degradação da imagem do Rei (caçadas no Botswana), de Iñaki Urdangarin, genro do rei Juan Carlos de Espanha* (desvio de dinheiros de uma fundação) e da Infanta sua esposa temos um caso sério de democracia em risco.
Por cá não se pode dizer que a situação seja comparável, mas temos alguns casos de especulação imobiliária associada a bancos em dificuladdes (BPN-Duarte Lima) e financiamento ilegal de partidos, mas a História recente mostra paralelismos temporais entre o que acontece nos dois países ibéricos com influências mútuas: transição para a democracia (1974-5); adesão á União Europeia (1986); entrada no Euro... 
 
* Lapso corrigido na linha 16.

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