Passos na Rota Manta

Passos Coelho foi de férias para a sua praia preferida. A maior parte dos portugueses que podem dar-se ao luxo de ir de férias vão ano após ano para a mesma praia. Tem vantagens. A maioria das caras são conhecidas de anos anteriores, os inícios de conversa facilitados e as tendências (políticas) do interlocutor conhecidas.

O estilo de Passos Coelho é muito diferente do de Cavaco Silva que ia à praia acompanhado dos agentes da sua segurança pessoal com as metralhadoras uzi enroladas em toalhas de banho empurrando os incautos cidadãos que se tentassem acercar dele. Passos Coelho vai no seu carro pessoal (uma modesta carrinha Clio), existe segurança visível assegurada pelo menos pela GNR, o que é normal e já acontecia com Soares na praia do Vau. As pessoas têm hipótese de se acercar de Passos Coelho ainda que o não façam. A sua postura é mais "normal" e mais terra a terra do que a do actual Presidente quando era 1º Ministro. Não quero pensar que foi adoptada com o intuito de ganhar popularidade, quero crer que é uma atitude natural ditada por aquilo que Passos pensa ser o correcto, mas também acredito que os portugueses (a maioria) não gosta nem aprova as arrogâncias e os espaventos a que governantes passados nos habituaram a ver como "normais".

Ironia do destino ou mera coincidência de palavras, o nome da praia evoca o estado das finanças públicas: uma manta rota cheia de buracos da traça da crise financeira importada dos EUA e alimentada por especuladores que atuaram sem os limites de uma efectiva regulação do mercado.