segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cavaquices

O Presidente Cavaco Silva veio a público apoiar o Governo e as reformas que está a realizar. O Governo raegiu com cautela. Durante a campanha para as Presidenciais diziam os socialistas que se Cavaco ganhasse seria um golpe de estado. Cavaco diz que apenas está a cumprir uma promessa eleitoral: não criar obstáculos ao Governo, a chamada cooperação institucional. Compreende-se que Cavaco esteja traumatizado com as famosas "forças de bloqueio" (Mário Soares e Cª.), mas decorridos todos estes anos a míriade de assessores que o rodearam não conseguiram explicar-lhe o normal exercício democrático, a salutar dialética Governo/Oposição, a diferença entre criticar e destruir...
Em vez de "árbitro", papel para o qual todos lhe reconheceriam legitimidade, Cavaco quer ser uma espécie de "muralha de aço" do Governo. Este Governo, como se sabe, está a fazer não a política própria da sua área política mas aquilo que considera necessário no momento, ou seja, o mesmo que um qualquer partido de direita faria: conter o défice, reduzir os benefícios sociais e o papel do Estado.
A atitude do presidente pode ser vista de várias formas: não querer cair nos mesmos erros do patriarca Soares, apoiar aquilo que entende dever ser feito sem se importar da cor do partido no Governo.
Marques Mendes é que não achou piada. Fez bem em reagir mesmo estando de visita ao Brasil. Mas também ninguém acredita que ele vá defrontar Sócrates nas próximas Legislativas. Creio que a Direita só terá hipóteses com António Borges na liderança do PSD e Paulo Portas no PP. Aliás parece que é disso que Portas está à espera pacientemente.