quinta-feira, novembro 22, 2007

160.000 empregos técnicos a menos

Desde que Sócrates é Primeiro-ministro perderam-se 160.000 empregos de nível médio ou médio-superior. Não acho que a culpa seja dele. Há várias explicações:
Deslocalização: assistimos impávidos e serenos à transferência dos centros de decisão empresarial para Madrid ou Barcelona, que são as verdadeiras capitais económicas da Península Ibérica.
Globalização: concorrência de produtos industriais de baixo preço oriundos da China ou da India. Tecnologia: o avanço tecnológico gera desemprego com os computadores a substituirem pessoas.
"Downsising": as empresas "emagrecem" reduzindo as despesas com o pessoal para aumentarem os lucros dos accionistas;
"Outsorcing": as empresas preferem pagar determinados serviços a outras empresas a terem no seu quadro pessoal dessas áreas.
O resultado é mais uma "facada" na classe média. São pessoas preparadas, muitas vezes com nível de estudos superior, motivados para trabalhar por objectivos, muitas vezes com mais de 35 anos o que lhes dificulta a obtenção de novo emprego. Os novos empregos resultantes de um aumento 85% do investimento estrangeiro em Portugal geralmente são para pessoas com um nível técnico baixo, por vezes até são trabalhadores indiferenciados.
Conheço algumas destas "vítimas". Sofrem com a inactividade. Socorrem-se de anti-depressivos. Respondem a milhares de anúncios e comparecem s centenas de entrevistas de emprego em vão. Cada novo fracasso piora a sua situação já de si frágil. Não têm alternativa: ou juntaram um pecúlio e sentem-se capazes de arriscar um negócio por conta própria ou ficam a marcar passo indefinidamente. Um dia o subsídio de desemprego acaba e depois? Ficam sem a casa a viver das ajudas de familiares e amigos. É triste. Urge encontrar saída para estas pessoas. Caso contrário não duvido que a taxa de suicídios vais aumentar.

sexta-feira, novembro 09, 2007

O que parece não é

Por estranho que pareça uma ideia errónea muito repetida torna-se mais fecunda que uma boa ideia pouco divulgada.
Salazar dizia, parafraseando um outro asno anterior a ele, que "Em política o que parece é". Cansei-me de ouvir aprendizes de feiticeiro em sessões da minha secção local do PSD quando fui militante desse partido, repetirem esse disparate. Eu acho que em política ou noutra actividade qualquer aquilo que é acaba por transparecer. Mais tarde ou mais cedo, o que está "por debaixo dos panos" virá à superfície. É inevitável. Mas é necessário que quem observa o faça com detalhe.
Se os nossos políticos se preocupassem mais com o que lhes vai dentro da alma, com as suas pulsões subconscientes, talvez conseguissem superar certos tiques autoritários como os evidenciados por Sócrates.