quarta-feira, fevereiro 25, 2009

A perturbante vulva de Courbet



O caso seria para rir se não fosse um aviso sério das tentações censórias a que as autoridades deste país cedem de quando em vez. No Carnaval de Torres Vedras o Ministério Público mandou retirar as mulheres nuas do écran do "Magalhães", ou seja, censurou uma bem merecida paródia a um facto real acontecido durante a distribuição dos ditos computadores aos miúdos alentejanos. Depois foi a PSP da mui cristã e púdica cidade de Braga onde acharam pornográfica a vulva pintada por Gustave Courbet no séc. XIX usada para ilustrar a capa da edição portuguesa do livro de Catherine Breillat "Pornocracia". O curioso é que a autora é canadiana e no seu país a acção da censura obrigou-a a ir filmar para França onde também publica os seus eróticos escritos.


Tenho esperança de um dia ser possível que um militar GNR ou um agente da PSP consiga distinguir "pornografia" de "erotismo", "obra de arte" de "artefacto porno", "feira do livro" de "sexshop", "puritano" de "parvo"... E a esperança dizem ser a última a morrer.

Quanto à dita vulva de Courbet (L'Origine du Monde) diria que é uma vagina quase casta de tão fechada, tão peluda que distai o olhar do observador, enfim, por mim, prefiro as vulvas depiladas que até têm a vantagem de parecerem sempre mais novas...

sábado, fevereiro 21, 2009

Os frágeis calcanhares de Sócrates

Quase não há dia que não traga uma novidade na "telenovela" mexicana "O estranho caso do 1º ministro com nome de filósofo". Até aqui era o caso "Freeport" com as suas personagens saídas da prosa de Eça de Queiroz ou Ramalho Ortigão e congeladas em criogénio durante século e meio. O tio de Sócrates que não existe, é demasiado patético para ser real. Como é que um pato-bravo daqueles conseguiu juntar a fortuna que tem? Cada vez que abre a boca é para sair bojarda: "O meu filho só vem da China se lhe pagarem o bilhete" ou "Agora estou mais preocupado em saber onde está o meu cão". É verdade que a família não se escolhe, só os amigos mas ainda asssim...
Tenho ouvido coisas que me deixam os cabelos em pé. O mister Manuel Pedro (o apelido não interessa nada) destruiu centenas de documentos das suas empresas. Não, ele não vive no Panamá nem na Colômbia, é mesmo em Portugal...
E o senhor Charles Smith negando entregas de "luvas" (subornos) naquela soberba imitação de uma personagem de desenhos animados...
Os índicios chegariam para o 1º ministro de qualquer país civilizado (ou não) se demitir ou para que o Presidente o mandasse embora como Sampaio fez por muito menos a Santana Lopes. Em Portugal não. DVDês gravados sem anuência do próprio não são admissíveis como prova em tribunal. Os mails podem ter sido escritos por outra pessoa (e pelos vistos foi o rapaz "emigrado" na China que quis dar nas vistas). O dinheiro não deixa rasto quando transportado nas bagageiras dos Audis e dos Mercedes por intrépidos condutores imunes ao carjacking. O apartamento no edifício Heron Castilho comprado através de uma off-shore e aproveitando uma súbita baixa de preços que só o beneficiou a ele. Que dom tem este cara de pau que parece imune a todas as acusações? Pensará ele que basta mostrar confiança e transbordar arrogância para nos inibir do óbvio:
exigir que se ponha na alheta antes que se faça tarde.

Ausência

Deixei este blog parado por razões pessoais diversas. Como acontece muitas vezes na nossa vida deixou de me dar gozo blogar e por isso parei. Fui fazendo outras coisas noutros lados.
Do facto aqui ficam as minhas desculpas àqueles(as) leitores(as) que aqui vinham em vão à procura de novos escritos. Doravante procurarei escrever ao ritmo que em tempos mantive no Correio da Manhã antes de ser saneado pela pandilha cavaquista ( Marques Mendes e outros do mesmo calibre), ou seja, pelo menos uma crónica por semana.