Encavacados

Cavaco decidiu encostar os três partidos do "arco da governação" à parede. Em vez de aceitar a solução de entendimento entre Passos e Portas obtida após 3 dias de negociações, veio à TV anunciar que até 2014 precisamos de 14 mil milhões de euros e que é preciso uma solução estável que envolva os 3 partidos que assinaram o Memorando da Troika.

Cavaco sabe que o PS exige eleições antecipadas. Cavaco sabe que Seguro jamais se entenderá com Passos Coelho. O Presidente até dá um "rebuçado" ao PS: a antecipação das legislativas em quase um ano. 

Cavaco deve-se ter sentido humilhado com a atitude de Portas que se demitiu enquanto o Presidente dava posse à substituta de Gaspar.

Compreende-se que queira dar uma lição aos dois líderes da coligação no governo, não se entende é que queira amarrar Seguro a um acordo contra-natura, ou seja, contra a natureza da democracia.  

Os mercados já mostraram o que "pensam" desta embrulhada: a Bolsa portuguesa foi a única da Europa a cair ontem dia 12 de Julho. Os juros da dívida pública voltaram subir entre 8 e 10 pontos base... e pode ser pior na próxima semana.

E quem seria o 1º ministro desse governo? Seguramente alguém da confiança de Cavaco. 

Não vai funcionar.

A instabilidade governativa em 24 horas

Gaspar caiu ontem, hoje foi Paulo Portas.  

Passos não vai embora, acabo de o ouvir. A austeridade, essa, continuará a empobrecer o país. 

Gaspar terá apresentado a demissão por causa do acordo entre Crato e os sindicatos dos professores o ter desautorizado e significar o não corte de 150 milhões de euros. Portas sai por não concordar com a escolha da substituta de Gaspar, Maria Luís Albuquerque.

Eu tenho outra leitura da situação. Gaspar já não tinha pedalada para avançar com os cortes de 4,7 mil milhões de euros exigidos pela Troika. Provavelmente o diálogo entre ele e Portas, que ficou de desenhar o programa de cortes, foi de surdos.

Maria Luís Albuquerque está metida na bronca dos SWAPS. A versão oficial é a de que os swaps que ela assinou são dos bons... 

Só quem não conhece Portas é que ignora que ele se norteia por questões de princípio, e esta é claramente uma questão de princípios. Um(a) titular de cargo público não tem condições para o exercício se sobre ele(a) penderem suspeições de conduta irregular no passado.