domingo, novembro 27, 2011

Agenda escondida

O PSD teria ganho as eleições se revelasse que iria cortar os subsídios de Natal e de Férias a funcionários públicos e reformados?
Claro que não. E concerteza não seria por serem maioritários no eleitorado, mas porque todos os que dependem de actividades ligadas ao consumo interno (hotéis, restaurantes, lojas...) perceberiam que o seu negócio ou rendimento seriam irremediavelmente afectados.
A desculpa para os governantes fazeram o oposto daquilo que afirmaram na campanha eletoral já sabemos qual é: a ignorância sobre o verdadeiro estado das contas públicas. Poderia inscrever-se na Constituição (o tal papel que Medina Carreira diz não servir para comer) a obrigatoriedade do conhecimento integral dos dossiês por parte das oposições antes das eleições, mas nada resolveria porque inconstitucionalidades é o que há mais por aí. Convenhamos que o desconhecimento da realidade é uma desculpa que lhes tem dado imenso jeito.
A agenda escondida é o ataque aos funcionários. Não é nova. Foi mesmo ensaiada por Durão Barroso antes de se ir embora e deixar a "chafarica" entregue a Santana Lopes. Agora percebe-se melhor que as reformas antecipadas não são solução por agravarem as contas da Segurança Social, o quadro de excedentes obriga a pagar parte do vencimento e que as rescisões amigáveis sairiam caras, logo resta o despedimento. O despedimento de funcionários não é permitido pela lei. Então muda-se a lei, não é? Por isso andam a experimentar o terreno a ver se a semente pega...

quinta-feira, novembro 24, 2011

Tirania dos Mercados Financeiros

Berlusconi foi apanhado numa escuta telefónica a chamar "gorda mal f*****" à Merkhel. A escuta surge no contexto de mais uma investigação por corrupção. Anos de perseguições judiciais e dezenas de processos deram em nada. O tipo é mal-educado o que aliás combina mal com a alegada faceta de sedutor. Nada disso surpreende a nós portugueses que temos uma "miniatura" grosseira na Madeira...
Os Mercados "todos poderosos" da dívida soberana derrubaram o "Cavalieri"´só por os juros terem ultrapassado a fasquia dos 7%. Deveremos alegrarmo-nos? Não. Os mercados não são democráticos e nada se ralam se os velhos deixam de se tratar por falta de dinheiro para os medicamentos. Os mercados só se interessam por uma coisa: o lucro. Quando esse lucro atinge como no caso português 17% no mercado secundário devemos chamar-lhe "usura".
O mais curioso é que os governos caem, os parlamentos produzem novos governos (Grécia e Itália) ditos tecnocratas, os eleitores escolhem maiorias de direita (Portugal e Espanha) e os juros continuam a escalada enquanto as notações das agências de rating descem para o "lixo" (Fitch).
Os governos são pressionados para adoptarem medidas de austeridade, cortarem a "gorduras" do Estado e depois são penalizados por isso gerar recessão. É preso por ter cão e preso por não ter!

terça-feira, novembro 22, 2011

Folgas e almofadas



Prossegue a novela...


O Ministro das Finanças, o Primeiro Ministro e o Governo em geral garantem que não há folgas nem almofadas para salvar pelo menos um subsídio dos funcionários públicos e pensionistas.


O PS pela voz do seu líder, o seguro Seguro, afirmam peremptoriamente que existem folgas nos "estruturas intermédias do Estado", nos "juros da dívida" e nas "comissões cobradas pela Troika.


Os comentadores e analistas dividem-se consoante a sua área ideológica seja de esquerda ou de direita, keynesianos ou neoliberais, e ficamos na dúvida. Pensava eu que números e contas não davam azo a resultados divergentes.


Na realidade penso que a grande almofada existe e do lado do Governo que conta com uma recessão mais profunda que os 3% negativos do PIB anunciados, prevê uma diminuição da maior parte das receitas fiscais e, portanto, joga pelo "seguro". Outra interpretação possível é a de que com tanta vontade de serem os bons alunos da Europa estarem empenhados em obter um défice melhor do que o acordado com a troika para 2012 (na ordem dos 4%).


Seja como for o "doente" (Portugal) arrisca-se a morrer (falir) da cura (austeridade) e não da doença (desiquiíibrio das contas).



domingo, novembro 20, 2011

Não votei na Merkhel nem na Troika

Elegemos o Sócrates para escapar do Santana Lopes.
Quatro anos volvidos o melhor que o PSD arranjou para travar Sócrates foi Manuela Ferreira Leite que não gostava de comícios nem de discursar.
Deslumbrámo-nos com o esbanjamento de dinheiro emprestado.
Depois ficámos contentes ao derrubar Sócrates mas foi à custa do Passos Coelho ir para o Governo. A Sra. Merkhel nem percebeu que o nosso problema não era querermos escapar ao PEC IV!
Ideologicamente a persistência do cavaquismo traduz-se pela idiotice do "bom aluno europeu", aquele que adopta medidas ainda mais duras do que as acordadas com a Troika.
Para os mercados pouco interessa quem vai para o Governo. Estamos condenados devido ao envelhecimento da população, porque não somos competitivos, porque fizemos demasiadas auto-estradas e rotundas, por estarmos sempre à espera dum ciclo de riqueza fácil, por termos elegido políticos corruptos ou populistas e agora por termos governantes mal preparados ainda que crentes na estafada cartilha neo-liberal que só gera pobreza, recessão e desgraça.