quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Para inglês ver

Isto é tão português: quem perdeu (o Referendo) deixou o pézinho entalado na "porta".
O Não perdeu claramente mas agora os seus partidários vão conseguir obrigar as mulheres que queiram abortar até às 10 semanas a um "período de reflexão". Que barracada é esta? Então uma pessoa que se vê obrigada a enveredar por uma solução tão extrema não refletiu antes de se dirigir ao Hospital? O que se pretende é obrigar as mulheres a um conta-relógio: descobrem que estão grávidas lá para a sexta semana (as mais atentas) e depois terão de rezar para que haja psicólogo no hospital disponível para com elas refletir!
Mas há mais. Os partidários do Não querem que o Estado pague às grávidas que levem a gravidez até ao fim o valor correspondente ao aborto que não fizeram!
Assim não. Vamos ter mais uma daquelas leis que só existe no papel sem nenhum efeito prático na vida da sociedade. Quando abolimos a escravatura também fizemos as coisas assim. Continuámos a levar angolanos à força para trabalhar nas roças de S. Tomé numa escravatura dissimulada. A abolição foi só para inglês ver. Mas nesse caso inglês não viu, ou melhor, viu a realidade e não o que lhe queriam mostrar.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Sim

O Sim ganhou com margem folgada no Referendo sobre o aborto.
Ganhou o país que deu um passo em frente ficando mais alinhado com a Europa.
A padralhada miguelista saiu derrotada. Mas olhando os resultados por distrito observa-se que o país permanece fracturado entre Norte e Sul, Continente e Ilhas.
As mulheres retomaram a posse daquilo que sempre foi seu: a barriga. As abortadeiras vão deixar de comprar andares e vivendas com os lucros da actividade ilícita. Os delegados do Ministério Público vão virar as suas atenções para os maus tratos de que são vítimas as crianças indesejadas.
No entanto, os portugueses demonstraram uma vez mais como prezam pouco a democracia participativa. Quase 60 % não se rala que os outros decidam por eles. E desta vez a culpa não pode ser atribuída à praia porque até estava a chover.
Seguir-se-á a consulta sobre a eutanásia e possivelmente sobre as drogas leves.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Ingratidão


O Governo prepara-se para poupar cerca de € 3 milhões anuais com o encerramento de consulados considerados desnecessários. Acontece que as remessas diárias dos nossos compatriotas ultrapassam esse valor. É preciso não querer ver.
Um emigrante é por definição alguém que se viu forçado pela necessidade de angariar melhor sustento a ir para uma terra estranha adaptar-se, aprender a língua, integrar-se, um esforço por vezes enorme com poucos ou nenhuns apoios. Cheira a ingratidão esta atitude governamental porque quando as coisas estiveram complicadas, quando andávamos com o FMI à perna, quando vendíamos ouro para comprar moeda estrangeira, os emigrantes nunca deixaram de enviar as suas poupanças para a terra Natal. Balões de oxigénio que nos aguentaram nos momentos difícies.
Se eles se fartarem de aturar este Governo (nós por cá já nos habituámos a acordar com más notícias...) talvez deixem de enviar os dólares, as libras, as coroas... e o país descubra a falta que fazem mais de mil milhões de euros por ano.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Referendo sobre o aborto

"Interrupção voluntária da gravidez" não me parece a expressão adequada, nisso os partidários do Não têm razão. Um programa de TV pode ser interrompido e prosseguir mais tarde, uma gravidez não. A pergunta do Referendo deveria ser algo do género: Concorda que a mãe possa impedir o desenvolvimento do feto (ou da gravidez) até às 10 semanas?
Portugal e a Irlanda são os únicos países da Europa, que eu tenha conhecimento, em que o aborto não é permitido à mulher que não deseja ou não pode prosseguir com uma gravidez. Uma proibição só para pobres, porque os ricos em Portugal vão a Badajoz (na Irlanda vão a Inglaterra). Nós gostamos disto, tapar o sol com a peneira!
Por mim devia haver um referendo destes todos os anos. Gosto de ver surgir campanhas de apoio às mães solteiras, adoro ver personalidades que estão caladinhas o resto do tempo virem à liça em defesa da vida. E tenho a certeza que se houver referendo sobre a eutanásia surgirão os mesmos a prestar cuidados paliativos aos acamados e aos doentes terminais, em defesa da vida... e do sofrimento desnecessário que faz parte da dita (ou da desdita!).
No anterior referendo houve até promessas de introdução da educação sexual nas escolas. Mas parece que a Igreja também não gosta que as crianças sejam informadas sobre a sexualidade, para não criar apetites, mas eles surgem na mesma por culpa das hormonas e lá fomos nós parar a um vergonhoso 2º lugar europeu entre os países com maior percentagem de mães adolescentes (a seguir à Inglaterra).
Em defesa da vida.