sexta-feira, novembro 30, 2012

O OE

O Orçamento de Estado mais parece um nado-morto.
Acaba de ser aprovado e nem alguns dos que votaram nele (CDS/PP) acreditam na sua exequibilidade. Declarou o porta-voz centrista que foi melhor aprová-lo que chumbá-lo pois isso pioraria as condições de vida dos portugueses.
Vítor Gaspar, por sua vez, apareceu a dizer que não tem de acertar nas previsões económicas! E eu, na minha ingenuidade, a pensar que essa era uma das suas funções...
Quando o atoleiro é fundo e as rodas do carro patinam na lama quem está dentro do carro não  percebe se está a sair ou a enterrar-se mais ainda.
É o nosso problema.
A baixa do IRC para novos investimentos parece ser uma forma de reanimar a economia, mas não me parece que chegue.
O setor exportador vai lutando como pode mas a conjuntura internacional é desfavorável e a greve dos estivadores (às horas extraordinárias) em alguns dos portos nacionais não ajuda.
 
 
 

segunda-feira, novembro 12, 2012

Ângela Merkantil

A Chanceler Merkel vem hoje a Portugal para uma visita oficial de 5 horas.
Não sou daqueles que consideram essa visita um ultraje ou uma afronta.
As visitas de chefes de estado e de governo devem ser consideradas normais.
Esta parece-me demasiado curta. Menos de um dia são visitas a regiões e não a estados.
Quanto à figura, bem, ela defende os interesses do povo alemão. Nem se devia esperar outra coisa...
Os investimentos alemães estão a render bem e os juros que a troika cobra pelo empréstimo salvador são, como diz Louçã, autêntica usura. Um país que se financia quase a custo zero e empresta a 3,5 %, ainda que por interpostas entidades, pratica uma usura vergonhosa.
Vi a sua entrevista à RTP. Fugiu às perguntas incómodas como quis. Disse o que era expectável: que os sacrifícios dos portugueses não são exigidos pela Alemanha, decorrem do acordo livremente assinado entre o Governo português e a Troika.  Disse que não pensava vir a ser necessário alargamento do prazo do empréstimo ou novo resgate. Que as medidas de austeridade demoram a surtir efeito, e que foi assim também na Alemanha.
Anjo ou demónio?
O nome é de anjo, a política que defende é de austeridade.
Já se viu que não resulta mas a receita é para aplicar de forma cega. Merkel e o seu pupilo Passos não são do género de aprender com os erros. Para isso é preciso (entre outros ingredientes) ter humildade.
Ângela tem pelo menos uma qualidade: diz o que pensa. E disse que esta austeridade é para durar mais cinco anos. Curiosamente não vi o Sr. Hollande ou o Sr. Monti contradizê-la.  
 

terça-feira, novembro 06, 2012

Obama versus Romney

Os E.U.A sempre foram para mim um mistério em termos eleitorais democráticos por terem um sistema que já não se usa em mais lado nenhum: os cidadãos elegem um colégio de eleitores em cada estado que depois juntos escolhem um dos dois candidatos a Presidente, ou seja, as eleições não são directas e, além disso, permitem que o candidato com menor número e percentagem de votos possa ser o eleito.
Quando vejo as declarações de Mitt Romney só me consigo lembrar daqueles vendedores de carros em segunda mão capazes de nos impingir um "charuto" que nos deixa ns berma da estrada logo na 1ª viagem. Para além de prometer coisas contraditórias: baixar os impostos e prosseguir as guerras contra os inimigos da democracia; criar empregos reduzindo o peso do estado americano na economia; fomentar a indústria norte-ameriacana mas em privado critica o  Presidente Obama por ter injectado biliões no salvamento da indústria automóvel. Pior, numa semana diz uma coisa e na semana seguinte o seu oposto, o que até permitiu a Obama gozar com ele afirmando que o sistema de saúde recém-criado também cobre problemas de memória.
Não me atrevo a fazer previsões (logo à noite logo saberemos) mas a eleição do Presidente dos EUA é um assunto que interessa a todos os habitantes do planeta dado ser a potência dominante. Já fiquei estado de choque algumas vezes como quando Bush-filho derrotou Al Gore, portanto considero que tudo é possível. Se Romney ganhar avizinham-se tempos ainda mais difíceis porque ele personifica muita coisa negativa: o isolacionismo da América; o benefício dos mais ricos e poderosos, a desproteção dos mais vulneráveis, a desregulação dos mercados, o liberalismo selvagem, o belicismo... e o mais que agora não me ocorre!

segunda-feira, novembro 05, 2012

A clareza de Seguro

Seguro foi claro. Num país em que metade dos políticos fala por hipérboles e a outra metade por meias palavras, o líder do maior partido de oposição aceita o diálogo mas não a conivência. O Governo (já se percebeu) procura quem ajude a pagar a pesada factura da impopularidade da sua governação.
Disse o secretário-Geral do PS:
" Não aceitaremos em qualquer circunstância um ataque ao Estado social. Connosco não haverá nenhuma revisão constitucional que ponha em causa as funções sociais do Estado”.

Entenda-se por "Estado Social" o ensino público, o Serviço Nacional de Saúde, a Assistência Social, as pensões aos reformados...
Com a mesma ligeireza com que o Governo atira números para os "buracos" orçamentais (4,5 mil milhões) também divulga o número de funcionários públicos a dispensar (50.000). Ficam todos os 600.000 a pensar quais serão "contemplados": se serão alocados ao quadro de mobilidade, convidados a rescindir contrato com indemnização ou simplesmente despedidos (se a Constituição não deixa logo se vê...). Enquanto temem pelo seu emprego seguramente se tornarão mais produtivos...  
 
 


 
 

sexta-feira, novembro 02, 2012

Refundem-se os coelhos!

Estes "tipos", como diz o Louçã, ganharam o hábito de não dizerem com clareza o que vão fazer. Torna-se necessário ao cidadão comum "ler nas entrelinhas", adivinhar as verdadeiras intenções de quem nos (des)governa. Já não chega conseguir ouvir o Ministro das Finanças sem adormecer ou mudar de canal, agora temos de descodificar a "mensagem", qual oráculo de Delfos!
Atente-se no caso da "refundação do Acordo com a Troika". Aquilo que Passos Coelho quer na realidade é rasgar a Constituição da República, ou no mínimo, revê-la. Daí o convite ao PS para colaborar, porque para rever a lei fundamental é preciso dois terços do Parlamento.
Descobriram ao fim de um ano de execução orçamental falhada que a única forma de reduzir as "gorduras" do Estado é retirar-lhe algumas das suas funções, como a saúde e a educação. O Tribunal de Contas veio dar uma ajudinha preciosa ao sugerir que o ensino público sai demasiado caro e que o Estado poderia passar essa função para colégios particulares ou cooperativas de pais. O cheque-ensino, ideia tão do agrado dos camelos neoliberais. E também dos dromedários neoliberais! 
A questão que se coloca é a seguinte: depois de substituir os polícias por seguranças privados, depois de liquidarem o Serviço Nacional de Saúde, depois de passarem o ensino todo para os colégios, e de criarem tribunais privados (já os há arbitrais), os contribuintes vão pagar impostos para quê? Para pagar os ordenados dos assessores e a frota de Audis e BMW?