sexta-feira, outubro 15, 2004

Bush-Jardim

É uma fatalidade do destino que os dois não se tenham encontrado nos corredores do destino! Têm todas as condições para serem bons amigos. A mesma boçalidade congénita, o mesmo desprezo pelos opositores, a mesma incapacidade para compreender o mundo. Ambos bebem da fonte inquinada do "Quem não é por nós, é contra nós". Redutor, no mínimo.
Bush inventou a existência das armas de destruição maciça no Iraque. Jardim chama cubanos aos do "Contenente" e diz que o PP é um antro de marxistas. Eu andava desconfiado mas não tinha dito nada para não parecer imbecil.
Bush e Jardim são armas de destruição da inteligência e do conhecimento. Bush não sabe se vai ganhar, Jardim tem a certeza da vitória. Bush pai foi um dos raros presidentes dos EUA a não conseguir a reeleição. Jardim ainda sonha um dia ser PR. Pode parecer relativamente inóquo mas isso só acontece porque tem muito menos poder que a sua alma gémea texana. Tivesse ele o poderio militar dos ianques e não se limitaria a invadir o Afeganistão e o Iraque, já andava a dar porrada aos "aia a tolas", aos sudaneses e aos sírios.
O Criador que os troque. Ponha o Bush na Madeira e o Jardim na Casa Branca. O Dia do Juízo Final está próximo.

quinta-feira, outubro 07, 2004

A rolha contraditória

A Direita tem beneficiado de uma saborosa maioria absoluta dos comentadores políticos da nossa praça. Tudo corria às mil maravilhas quando o PS era governo e estes comentadores malhavam nas tibiezas da rosa. Os defensores do "direito ao contraditório" nunca se preocuparam por não haver na Quadratura do Cìrculo "representantes" do PCP e do BE. Viviam felizes com uma maioria espúrea de 2/3 neste programa. Também não perdiam o sono por haver na TVI dois comentadores de direita: Marcelo e Sousa Tavares.
Quando um governo é forte e governa bem não perde tempo com o que os comentadores dizem. Quando a conjuntura piora, a base de apoio mostra sinais de divisão e lutas intestinas, cada ministro diz e faz o que lhe passa pela cabeça, então torna-se crucial ceder à tentação de imitar os controleiros do centralismo democrático vermelhusco.
Será que Marcelo foi menos contundente com o PS no governo do que com o grupo de amigos de Santana Lopes? Não foi. Esperavam que ele fosse agora mais brando? Ou são ingénuos ou tolos, o que em política vai dar ao mesmo.
Há contas antigas para ajustar que remontam aos tempos em que um era Sec. Estado da Cultura e o outro Comissário de uma Lisboa Cultural... Deixemos as tricas e vamos aos princípios: será que a democracia está em perigo?
O Presidente Sampaio parece estar mais preocupado com os assassinatos na Guiné-Bissau. E tem razão porque aqui ninguém vai andar aos tiros por causa daqueles 45 minutos de invenção de factos políticos e de ódio vertido sobre o indefeso governo. De resto, foi ele que empossou esta trupe que pensa em voz alta, avança e recua, diz e desdiz, com um horror ao vazio que faz aflição ao mais contido dos psicólogos.
A democracia está em risco quando se quer transferir as regras do direito penal para o domínio da livre opinião. Vai deixar de haver espaços de opinião para só haver debates ou comunicados e desmentidos sucessivos?
O cidadão está a ser tratado como um ser acrítico incapaz de detectar o que move o prof. Marcelo, incapaz de ver para lá daquelas trocas de presentes patéticas e daqueles concursos mal concebidos destinados às escolas.
Eu não gramo nem um bocadinho o maquiavélico docente superior mas acho que mesmo para a direita ele é muito mais perigoso com uma rolha contraditória na boca do que com liberdade para dizer o que quiser. Deixem-no morder a língua e fenecer aos nossos olhos, agonizante. Deixem-no contradizer-se.
Mas não pensem que o calam!