quinta-feira, setembro 26, 2013

Silly Season versão alentejana

Este verão, marcado como outros pelos incêndios florestais, pragas de mosquitos e outros "fait divers", constituiu aquilo a que os anglo-saxónicos chamam apropriadamente "Silly Season". Silly de tola que é a "estação". Os jornalistas não têm factos susceptíveis de se tornarem notícias portanto ou os inventam ou aproveitam tudo o que têm à mão.
Um acontecimento digno de figurar na série "1000 Ways to Die" (1000 Maneiras de Morrer), que passa entre nós no Canal Odisseia, chamou a minha atenção em Agosto ao ler o matutino Correio da Manhã. Um jovem ébrio de Évora acompanhado de mais três amigalhaços saltou a vedação do busto ao poeta Ruy Cinatti (Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes) e abraçou-se com tal "ternura" que o mesmo se desprendeu da base e caiu sobre o estarola matando-o.
Já sabíamos que a estupidez pode ser mortal, pelos vistos a falta de respeito também. A morte de um idiota não acaba com o verão. Se quisermos compadecermo-nos com a morte alheia que o façamos pelos bombeiros caídos no cumprimento do dever, um dever tornado especialmente penoso pela ação de um bando de terroristas estúpidos e, por vezes, inconscientes a que chamamos incendiários.

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terça-feira, setembro 24, 2013

O regresso aos mercados

Vítor Gaspar agendou em meados de 2011 a data de 23 de Setembro de 2013 como o dia do regresso de Portugal  à emissão de dívida pública no mercado primário.
Entretanto Gaspar saiu do Governo em Junho deste ano e ficou implícito na sua carta de demissão que esse objetivo estava comprometido.
Porquê esta data?
Porque neste dia se venciam quase 9 mil milhões de euros de dívida de longo prazo. Metade desse valor foi antecipado e mudada  a maturidade numa operação liderada pela actual Ministra das Finanças, portanto restavam quase 5 mil milhões que, segundo o ideólogo de serviço do PSD Marco António Costa, foram ontem pagos. Supostamente com dinheiro da Troika, digo eu. O curioso é que o mesmo facto é reclamado como vitória pelo Governo e como estrondoso falhanço pelo PS.
Mário Draghi, Governador do BCE, veio dizer o óbvio, que é preciso ter cuidado com os pequenos sinais susceptíveis de provocar descontrolo nos mercados financeiros. Acontece que os ditos "mercados" são entidades que se regem pela irracionalidade. Se o governo não faz cortes (leia-se ajustamento estrutural) penaliza o país com a subida das taxas, se o governo faz os tais cortes penaliza na mesma porque assim a dívida aumenta em percentagem do PIB e a economia entra ou agrava a recessão. Se o TC (Tribunal Constitucional) chumba leis como a do despedimento dos funcionários públicos sem justa causa torna-se o responsável pelas subidas de juro e descidas do rating do país, dos bancos e principais empresas.
Pior: os mercados reagem até a coisas que não têm nada que ver connosco como a manutenção ou fim dos incentivos por parte do FED (Reserva Federal dos EUA) à economia americana, as eleições da Alemanha ou a guerra civil na Síria.
Quando falarem de resgate façam como nos tempos da PIDE, falem baixinho...
... para os mercados não nos ouvirem!

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sábado, setembro 21, 2013

2º Resgate?

As "aves agoirentas" prevêem um segundo resgate financeiro a Portugal. Os abutres da Finança Internacional tais como a Standards & Poor ou a PIMCO (a maior gestora de fundos de pensões) vêm pressionar a dívida pública de modo a que os seus clientes encaixem mais-valias à custa dos sacrifícios dos portugueses.
Não dizem nada de novo. Nada que os partidos de esquerda não repitam: Portugal precisará de um 2º resgate quando terminar o actual programa da Troika ou, em alternativa, um programa cautelar. Acontece que segundo as regras do BCE esse programa de ajuda só será possível se Portugal já tiver regressado aos mercados em condições aceitáveis. Essas condições não existem quando no mercado secundário de dívida pública as taxas do médio/longo prazo ultrapassam os 7%. Os mesmos 7% que obrigaram Portugal a pedir a intervenção do FMI, BCE e Comissão Europeia.
O Governo pela boca de Paulo Portas, embalado pelo crescimento ténue da economia no 2º trimestre, já arvora aos quatro ventos a saída do período mais negro, o túnel escuro, mas a realidade teima sempre em desiludir os políticos, quais profissionais de um optimismo de pacotilha que tem contribuído para a nossa desgraça.

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sábado, setembro 07, 2013

Mau perder

 Passos Coelho pressionou os juízes do Tribunal Constitucional antes da decisão sobre a constitucionalidade do diploma sobre a mobilidade especial (requalificação) na Função Pública. A gentalha laranja saiu a terreiro para acusar os juízes de não estarem dispostos a interromper as férias para todos julgarem tão decisivo assunto. Ignoram ou fingem ignorar que os juízes estão obrigados por lei a tirar férias num estreito "corredor" de verão. Não depende da vontade deles.
Passos Coelho não gostou da decisão do TC. Está no seu direito mas deve respeitar a decisão de tão importante orgão de soberania. A quem compete lembrar-lho é a Cavaco Silva, Presidente da República, mas o 1º magistrado da Nação está de tal forma apostado na proteção do 1º Ministro que não vale a pena esperar tal assomo da sua parte. Este Governo só subsiste porque Cavaco colou os estilhaços da demissão de Gaspar seguida do abandono não consumado de Portas.
Agora vão ter de alterar a lei chumbada. Já avisaram que os funcionários enviados para a mobilidade poderão ficar com menos de 50% do vencimento. Fica-lhes mal serem vingativos. Os funcionários públicos não têm culpa da incompetência deles a redigir e aprovar leis. Caminham para se tornarem o Governo campeão das inconstitucionalidades. Isso não lhes tira o sono. Creio que até já fazem de propósito para terem um "bode expiatório" e poderem dizer: "Não cumprimos o défice por causa dos chumbos do TC".
Preparam-se agora para rever as mordomias dos juízes do TC. Mas quem lhas atribuiu? Não foram legisladores do PSD e do PS?
Será que os deputados do "Arco do Poder" (CDS/ PSD/ PS) pensavam que sendo bem pagos os juízes aprovariam tudo o que para lá fosse remetido?
Que ingenuidade!

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