quinta-feira, outubro 26, 2006

Ricos e pobres


Estes pseudo-socialistas que nos governam descobriram agora que quem recebe mais de € 500 mensais é rico, ou, pelo menos, remediado.
As viúvas perdem a parte da pensão dos falecidos maridos e os deficientes os benefícios fiscais a que têm direito se auferirem mais que essa "enorme" quantia. É triste. É de quem padece de estreiteza de vistas e é canhestro nas políticas sociais. A única coisa que verdadeiramente lhes interessa é reduzir a despesa e aumentar a receita por causa do défice. Essa coisa inominável que nos escangalha a vida.
Como é que alguém que ganha um pouco acima do ordenado mínimo é considerado desafogado?
Talvez seja rico quem viva no Brasil e receba 5oo euros mensais, que corresponde a cerca de cinco vezes o salário mínimo, mas não aqui.
Os conceitos de rico e pobre são muito variáveis segundo a época e o país. E mais vale parecer pobre sendo rico do que ser pobre a fingir riqueza obtida à custa do crédito bancário!
Na obra de El Greco reproduzida ao lado vê-se S. Martinho (St. Martin) vestido de nobre e um mendigo com cabelo bem cortado e pele razoavelmente limpa para os padrões da época. S. Martinho consegue rasgar parte da capa sem perder a compustura e o cavalo tem um ar resignado, como se soubesse que nada daquilo é autêntico: nem o nobre é santo nem o mendigo é pobre. Todos desempenham um papel, como hoje quando entregamos a declaração de IRS. Porque pobre é quem paga impostos sobre a totalidade dos seus rendimentos.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Socratocracia - o frenesim mediático

Ele entra-nos pela casa à hora de jantar, umas vezes como primeiro-ministro, outras como líder partidário, outras como consciência moral da nação. Ele avisa, ele adverte, ele ameaça, às vezes grita, outras fala ao coração dos seus correlegionários, ele tornou-se uma inevitabiliadade do mediatismo actual.
E à oposição estão a ser proporcionadas as mesmas oportunidades? Nem por sombras! Ocorre-me até perguntar se o Dr. Marques Mendes passa os dias em casa de roupão e pantufas? Parece que sim, porque na TV é raro vê-lo. O último debate sobre o ensino na RTP 1 moderado por Fátima C. F. ilustra bem o tipo de fretes que uma certa casta de jornalistas está disposta a fazer. Estejamos atentos a futuras nomeações por ex. de assessores de imprensa ou de adidos diplomáticos...
Os mentores desta estratégia parecem seguir o lema de Gobels: "Uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade". Os judeus não são agora apontados como sendo os causadores de todos os males, são os funcionários públicos, esses malandros que se reproduzem como coelhos. Podiam-se exterminar não fosse a Constituição a atrapalhar por não permitir despedimentos sem acordo.
O actual frenesim reformador de fachada está a dar cabo da paciência e da tenacidade que resta aos portugueses. As sondagens não refletem esse desgaste. Dizem os números que o PS voltaria a obter a maioria absoluta se houvesse eleições. Não acredito nem um bocadinho. Acredito sim no estudo de opinião segundo o qual um terço dos portugueses está disposto a tornar-se espanhol. Estamos tão fartos de ser mal governados quer pela direita e quer pela esquerda que a união com os espanhóis parece ser a solução ditada pelo desespero. Do lado de lá ainda há mais gente entusiasmada com a ideia (45%), por outros motivos evidentemente. O problema dos espanhóis é que aprofundaram tanto as autonomias que qualquer dia dissolvem o Estado sem dar por isso.
O futuro a Zeus pertence...

quinta-feira, outubro 12, 2006

Socratocracia

Este Governo Socialista parece seguir uma estratégia simples ainda que deveras preocupante para os governados: em cada dia e logo após o despertar a primeira preocupação é pensar "Qual o grupo, classe ou profissão que vamos atacar hoje?"
Podem até ser cidadãos que ainda não nasceram e que chegam ao mundo com a maternidade mais próxima da residência dos pais fechada, como foi o caso dos bebés de Elvas que foram nascer a Espanha, olé!
Pode calhar ao grupo das viúvas que até aqui recebiam parte das pensões dos defuntos maridos e que agora auferindo determinado montante de rendimentos próprios deixam de receber .
Pode o alvo serem os professores, agora responsabilizados pelo facto de os seus alunos obterem maus resultados escolares. Estendendo este curioso esquema mental aos médicos também lhes caberia responsabilidade pelas taxas de mortalidade dos seus doentes, mas com os médicos o Governo pensa duas vezes antes de implicar, porque há falta deles e, como muitos têm consultório privado, podem mais facilmente prescindir do lugar no funcionalismo público.
Esta espécie de socio-liberais tem maioria absoluta numa legislatura que irá até 2009 e lhes vai permitir continuar a lixar a malta. É claro que para Sócrates trata-se de "reformar" o país (não os trabalhadores que o farão progressivamente mais tarde). Parece que estava tudo mal por cá antes destes senhores chegarem ao Poder. O problema é que quem reveja os debates e discursos antes das últimas eleições não se apercebe disso, quando muito poderá achar estranho a falta de substância dos debates. A Segurança Social estava bem, não era necessário aumentar os impostos, até o défice das contas do Estado só foi descoberto mais tarde. Enganaram o eleitorado. Omitiram informação essencial sobre o estado da nação. Em certos países civilizados isso bastaria para a exoneração do Governo.
Parece uma estratégia suicida uma vez que em democracia o eleitorado tem o poder de escolher de 4 em 4 anos quem quer que o governe . Mas para que haja escolha é preciso que o opositor de Sócrates não seja tão mau como Santana Lopes e muito melhor que Marques Mendes, caso contrário estes tipos ficam lá mais 4 anos, seguramente sem maioria absoluta, mas ainda assim a governar com os mesmos tiques autoritários que agora demonstram possuir. Sócrates quando discursa parece investido dum dom sobrenatural, destinado a realizar uma tarefa ciclópica, digna dum herói grego, uma espécie de semi-deus da tecnocracia moderna. Só quando está com os seus correlegionários modera o tom de voz que se torna mais familiar e compreensivo. O povo na sua sabedoria consolidada ao longo de séculos diz "Se queres ver o vilão mete-lhe a vara na mão", ou seja, se querem ver o mandão dêem-lhe maioria absoluta.
O povo enganou-se? Não, simplesmente não tinha escolha. Pelo menos a seguir tratou de evitar pôr os ovos todos no mesmo cesto, foi assim que o patriarca Soares voltou para a sua fundação e o PS perdeu as autárquicas.