sexta-feira, dezembro 30, 2005

Os funcionários que paguem as catástofres naturais

O Governo PS acenou com aumentos para a Função Pública equivalentes à inflação prevista para 2006 (2,3%). Já se sabe que a taxa prevista é sempre inferior à realmente verificada e ajustes compensatórios nunca se fazem. Mas desta vez o mais extraordinário foi uma mudança de ideias à última hora.
O Governo socialista decidiu retirar uma fatia do aumento, cerca de 0,8%, para fazer face a eventuais catástofres naturais como a gripe das aves ou a doença da língua azul. A Função Pública passa a constituir uma espécie de fundo de garantia para riscos da natureza. É a nova figura do funcionário-segurador. Esta cambada está a gozar com o pessoal que devia valorizar e estimar. A maioria absoluta subiu-lhes á cabeça, toldou-lhes o raciocínio, turvou-lhes a visão política. Já não chegava a loucura do aeroporto na Ota (coisa de otários), a parolice do TGV, a nomeação despudorada dos amigos para os bons lugares, o aumento quotidiano dos impostos quando se prometeu não os subir, a balela do choque tecnológico...
O povo já sabe que não pode confiar nos políticos. Hoje dizem uma coisa e amanhã porque o vento muda fazem o contrário. Agora a única coisa que pode fazer é votar em alguém que ponha estes tipos na ordem.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Presidenciais

A direita tem uma oportunidade histórica para eleger um candidato da sua área. É a segunda vez que Cavaco tenta e se perder não vale a pena ficar deprimido porque o Miterrand só foi eleito à terceira.
O PS, em desespero de causa, foi buscar Soares sénior ao descanso dos velhos senadores pensando estar a jogar uma cartada invencível, uma espécie de ás de trunfo. Os portugueses costumam ser cautelosos a eleger o Presidente, sabem que ele será sempre a última instância com que podem contar quando um governo se passa dos carretos. Se elegessem Soares pela 3ª vez estariam a prolongar ainda mais a idade da reforma (se um presidente pode sê-lo até aos 86, então todos poderão trabalhar até aos 70!).
Soares move-se com dificuldade, força o riso, ri-se das próprias piadas, brinca com doenças da sua idade que o não afligem mas que vitimam muitos portuugueses condenados a ficar nas listas de espera (por ex. a hipertofia da próstata).
Cavaco não é jovem, é certo, mas ainda tem muito para dar. Estou à vontade nesta matéria: nunca gostei dele (nem gosto), mas o PS já demonstrou bem o que é capaz de fazer com uma maioria absoluta, imagine-se com um Presidente da sua cor política. É a teoria dos ovos e do cesto tão cara a Soares. O povo gosta de omeletes mas nunca porá todos os ovos no mesmo cesto.