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Esta menina de quase quatro anos foi levada do quarto onde dormia com os irmãos num aldeamento da Praia da Luz. Os pais jantavam no restaurante do
resort indo ver se estavam tudo bem com os miúdos a intervalos de meia hora. Alguém entrou no aldeamento abriu a persiana da janela do quarto e levou a miúda embrulhada num cobertor. Isto é o essencial do que veio a público.
Depois há as coboiadas costumeiras: que a polícia portuguesa não foi eficaz nas buscas da criança, que o sistema legal português não ajuda a população a dar pistas porque o retrato robot não foi divulgado... Eu gostava de ver a polícia portuguesa a fazer o mesmo de cada vez que uma criança portuguesa é raptada em Portugal. Isto é chato de se dizer, mas é verdade. Também será aborrecido dizer que pela lei norte-americana estes pais estariam metidos em apuros por não terem confiado os filhos a uma baby sitter enquanto jantavam à luz das velas. Lembro-me dum casal de jovens dinamarqueses que em Nova Iorque fez o mesmo que habitualmente fazia na sua terra, deixou o carrinho do bebé à porta da loja onde foi fazer compras e as autoridades consideraram tal acto abandono de criança, prenderam os pais e queriam retirar-lhes a custódia da criança!
Não creio ser justo criticar os pais originários duma cultura bastante diferente da nossa em que os progenitores nem sempre estão de olho nos filhos. Também não conheço nenhuma polícia no mundo capaz de fechar fronteiras do país, isolar tudo num raio de 200 km em 2 horas, ou seja todo o Algarve e ainda o Alentejo, bem como a fronteira com a Espanha, os portos, aeroportos e comboios. Para apanharem o/a raptor(a) teriamos de ser capazes disto. Para ser sincero não conheço nenhuma polícia no mundo que o consiga.
Agora resta-nos desejar que a miúda esteja viva, ou seja, que o motivo do rapto seja a adopção e não o horror inominável que é a pedofilia. Incomoda-me escrever sobre isto, mas é um sacrifício que imponho a mim mesmo. O mínimo que posso fazer pelo calvário que aqueles pais estão a viver, pela miúda indefesa, pela imagem do meu querido país...
O mundo actual é muito diferente daquele em que cresci. Lembro-me de passar tardes a brincar com os meus amigos, atrasar-me na hora de ir lanchar e ninguém se ralava. Lembro-me de vaguear pelo campo no Outono escoltado por um casal de cães Serras da Estrela que me acordava com lambidelas na cara para ir jantar. Lembro-me... do tempo em que ser criança não era um perigo. Do tempo em que um adulto podia conversar num banco de jardim com um miúdo sem que alguém pusesse as hipóteses mais horríveis. Lembro-me....
Para os ingleses devia haver câmaras de vídeo em cada esquina e batidas com espaços de um metro. Na Inglaterra têm esses meios, procedem dessa forma, e depois, ao fim de 4 meses encontram as crianças mortas e enterradas pelo porteiro da escola que elas frequentavam!
Quem já passou uma noite numa esplanada da marina de Vilamoura em Agosto já deve ter reparado no que eu vi no Verão passado - mãe de trintona vestida da mesma maneira que as filhas de 12 e de 8 anos - mini-saia, maquilhagem, baton, saltos altos ou sabrinas douradas. Tento imaginar o que fará uma imagem daquelas no âmago do cérebro dum pedófilo e fico arrepiado, palavra que fico... é preciso um pouco de bom senso e deixar viver cada idade na altura certa. Miúdas de 12 que querem aparentar vinte e tais vão querer parecer de 15 quando estiverem nos trinta.